Rolling Stone - 2008 Traduzida CREDITOS: JONASBRASIL.COM

11/04/2010 15:13

Rolling Stone - 2008

Máquina Limpa Adolescente

Com uma turnê espantosamente popular e um novo álbum que é esperado vender milhões, os Jonas Brothers foram de novidade da Disney a fenômeno. Tudo que eles querem é que você os veja como uma banda de verdade.


Por Jason Gay
Tradução e Adaptação por Letícia Vitória

São perto de 20h00min de uma noite abafada em Phoenix, e enquanto a temperatura fica piedosamente abaixo de 38°C, um trilhão de hormônios inchando se juntam no Pavilhão Cricket Wireless para conhecer os Jonas Brothers. Entre os pequenos peregrinos que vieram estão Jordan e Jackie, um par de loiras pré-adolescentes dos arredores de Scottsdale. Momentos atrás, elas conheceram os Jonas Brothers pessoalmente em um "meet and greet" com a oportunidade de tirar fotos, e agora elas estão com suas bochechas coradas, tremendo e chorando incontrolavelmente, como se tivessem contado a elas que a Disneylândia pegou fogo, com o suprimento mundial de gatinhos e bebês panda preso dentro.

"Aimeudeusaimeudeusaimeudeus", diz Jordan, com os braços para cima e sacudindo suas mãos no ar.

"Estou arrepiada pelo corpo todo, porque eu-acabei-de-conhecer-Nick-Jonas,” diz Jackie.

“Eu quero conhecer eles desde tipo, a minha vida inteira,” Jordan diz.

Quantos anos você tem?

“Dez”

É assim em todo lugar. Em um concerto dos Jonas Brothers em Dallas, eu conheci uma garota de 17 anos que se chamava Lauren que foi anfitriã de uma festa-premiere de tapete vermelho em sua casa para o recente filme dos irmãos, Camp Rock. (“Até mesmo as minhas amigas que não gostavam, conseguimos fazer elas se arrumarem,”, ela disse.) Eu conheci garotas de Baton Rouge, Louisiana, cujo pai levou 7 horas de carro até um concerto (“Ele estava com um iPod”). Eu conheci muitas fãs que, como os Jonases, usam “anéis de pureza”, jurando castidade até o casamento. Eu conheci uma garota precoce de 11 anos chamada Hannah (não a Montana) de Nova Iorque. “Nós temos que ensinar as pessoas a gostarem de Jonas Brothers,” ela me ordena sacudindo o dedo.
E porque Hannah de Nova Iorque está em Dallas?

“Para ver os Jonas Brothers,” ela diz. “Dã.”

De volta à Phoenix, os irmãos Jonas – Nick, 15, Joe, 18 e Kevin, 20 – estão se preparando para começar o show. Os três garotos têm menos de 1m77cm (aproximadamente), e todos possuem fantásticas jubas de cabelos castanho escuro. O cabelo de Joe é liso por prancha. Kevin costumava alisar o seu, mas agora está cacheado novamente, e tem grossas costeletas; Nick, o escritor de músicas principal dos irmãos e líder, sempre manteve os cachos. Por baixo do justo paletó marrom de linho de Nick há uma bomba de insulina, aderida à parte inferior das suas costas. Nick foi diagnosticado com diabetes Tipo 1 em 2005 e deve monitorar cuidadosamente o nível de açúcar do sangue; o gigantesco segurança da banda, Big Rob, carrega uma seringa com insulina todo o tempo no caso de uma emergência. O corredor dos bastidores rapidamente enche com membros da estendida família Jonas. Há uma banda de apoio – caras nos seus 20 anos de idade, alguns estão com os JB’s desde os dias em que eles agitavam ao redor de Nova Jersey tocando em clubes sujos. Têm uma horda de cordas feminina usando camisas, contratadas para tocar no palco. Tem o polido co-diretor da banda Phil McIntyre, e tem o Kevin Jonas Sr., o pai dos garotos, de cabelos castanhos, voz suave e 43 anos. Anteriormente músico Cristão e pastor de Igreja criado na Carolina do Norte, Kevin Sr. está a serviço com McIntyre como o co-diretor da banda.

O grupo forma um círculo e bate palmas. “Duas coisas rápidas,” diz Kevin Sr. “Nós trouxemos quatro pessoas da grama até a primeira fila hoje, então todos estão bem emocionados.” Essa é uma norma Jonas – tirar fãs entusiastas do fundo e dar a elas os melhores lugares da casa. Kevin Sr. fala para a banda ficar de olho em um time de softball de uma garota que teve uma colega de 13 anos da equipe morta em um acidente de carro na estrada. “Elas estão bem no final da passarela,” ele diz. “Uma delas está usando a camiseta que a menina ia usar hoje à noite”.

Kevin Sr. mergulha sua cabeça em uma reza. “Pai divino, nós apenas rezamos para que Você nos abençoe essa vez, faça com que seja divertido e seguro e emocionante,” ele diz. “Muito obrigado por todas as pessoas que estão aqui. Estávamos com apenas 60% uma semana atrás, e parece cheio. Deus, nós apenas rezamos para que cada pessoa seja encorajada em nome de Jesus.”

Os membros da banda e equipe gritam. “Tragam para dentro!” eles berram. Mãos se juntam e levantam para o alto.

“Vivendo o sonho!” eles gritam.

Big Rob escolta Nick, Kevin e Joe até seus lugares. De repente, as luzes apagam, despertando rugidos no Pavilhão Cricket Wireless de 20,000 lugares que só pode ser descrito como primata. E é, de um jeito. A neuropsiquiatra Dr. Louann Brizendine, autor do Best-seller “O Cérebro Feminino”, diz que a liberação de dopamina do cérebro de adolescentes gritando quando vêem seus ídolos pop é como “injetar heroína”. Estando com outras garotas gritando, ela diz, apenas faz o efeito mais fervoroso.

“Tem uma coisa na Biologia que chamamos de sincronia,” diz Brizendine. “Basicamente, uma garota afeta outra que afeta outra, e vira um efeito dominó levando ao nível de histeria. Elas estão tendo todas essas doses de dopamina, e também oxitocina, que é o hormônio do amor e da união. Garotas adolescentes têm tanto estrogênio, que catapulta o nível de dopamina e oxitocina no cérebro, criando esse tipo de precipitação extática nelas mesmas e em outras. É verdadeiramente um estado de amor em êxtase.”

Hoje em Phoenix, enquanto os Jonas Brothers começam com seu hino alegre, movido a guitarras, “That’s Just The Way We Roll”, soa bastante como amor extático. Soa como uma limpa, saudável diversão. Também soa como dinheiro.

“Dois anos atrás, nós estávamos em uma grande van vermelha de passageiros com um trailer preso atrás com todos nossos equipamentos,” diz Nick. É a tarde do concerto em Phoenix, e os Jonas Brothers estão voando até o show em um avião fretado Gulftream 64 com cadeiras de couro cor de café.

“Big Bertha,” diz Joe. “Tinha um amasso nela, e nós virávamos os assentos e chamávamos de –“

“O lounge dos Jogadores,” diz Nick, sorrindo.

Kevin estende o braço e me mostra uma pequena tela presa à parede. “A coisa mais incrível desse avião? Tem câmeras por todo o lugar.” Ele troca de canal. “Essa é a asa.” Ele troca de novo. “Essa é a outra.” Troca. “Isso é embaixo.”

Nos fundos do avião estão sentados os pais Jonas, Kevin Sr. e Denise, também como McIntyre, Big Rob e a assistente pessoal dos rapazes, Felícia Culotta, que, como Big Rod, costumava trabalhar na trincheira bubblegum* para Britney Spears. Enquanto nós conversamos, uma bonita atendente de vôo entrega o almoço: palitos de franco da KFC.

“Uma vez fizemos um show em Jersey,” diz Nick, mastigando um palito de frango. “Foi, falando sério, o pequeno clube de rock mais horrível do mundo. Deviam caber talvez umas 50 pessoas. Quando nós chegamos lá, o cara disse que teve uma banda de heavy-metal na noite anterior que estourou o sistema eletrônico dos amplificadores, então eles teriam de tirar os monitores e virar eles.”

“Era fora de controle,” diz Kevin. “E nossas platéias eram interessantes.”https://www.jonasbrasil.com/rollingstone2008/images/img03.jpg

Interessantes?

“Curiosas,” diz Nick.

Joe ri. “Era como quando você toca na terceira série ou quando sua irmã mais nova tem um concerto de balé. Eles todos fazem assim –“ ele coloca no prato seu palito de frango e bate palmas uma vez, devagar. “Era bem assim.”

“Tinha potencial,” diz Nick. “Como se pudesse ser uma loucura. Mas ainda não tinha chegado lá.”

Apesar de sua proximidade, os Jonases não são exatamente parecidos. Kevin, o mais velho, é o extrovertido, conversa com os motoristas de ônibus e seguranças, se abaixando de joelhos para cumprimentar crianças pequenas nos shows. O do meio, Joe, que lembra uma versão mais bonita do ator Peter Gallagher, é o Jonas mais quieto, com um alter ego selvagem que se revela no palco, onde ele gira seus quadris e roda com o apoio do microfone como se fosse um sabre de luz. “Eu realmente me inspiro em Mick Jagger e Freddie Mercury – os maiores homens de frente do palco,” ele diz. “Eu ouvi falar que o Mick Jagger faz uma hora de esteira antes de cada show.”

Nick, por contraste, é o chefe dos Jonas Brothers – o porta-voz, o melhor músico, o compositor-chefe das letras de música. Pode parecer estranho para Joe e para Kevin receber ordens do seu irmão mais novo, mas os Jonases não vêem dessa maneira. “Nicholas sempre foi mais velho do que ele é,” o pai dele me conta. Apesar de seu status de conquistador de corações, Nick tem mais de Eddie Vedder nele do que de Shaun Cassidy. Ele conta que suas músicas favoritas são as de Elvis Costello “(I Don’t Want to Go to) Chelsea” e “Give My Love To Rose”, de Johnny Cash.

Nick conta que ele gostaria de fazer um álbum tributo Jonas-Cash. “Nós poderíamos chamar de os Jonas Brothers fazem um tributo ao Homem de Preto,” ele diz.

Naturalmente, os Jonases começaram a virar alvo de tablóides, e todos eles parecem se divertir com as fofocas sobre seus relacionamentos. Ultimamente, Joe tem se desviado do rumor – e por se desviar, eu quero dizer totalmente se divertindo – de que ele está namorando a cantora de música country Taylor Swift, que foi vista na platéia de um concerto em Dallas e que irá aparecer no filme 3D da banda por vir. Kevin foi fotografado em um barco em Miami com uma deslumbrante morena chamada Danielle.

“Eu entendo,” diz Joe. “Quando eu era jovem, eu queria saber o que as minhas bandas favoritas estavam fazendo o tempo todo. E é divertido quando tem um boato. É engraçado quando você descobre que tem outras celebridades com quedas por você, como quando eu li que a Lauren Conrad do programa The Hills gostava de mim.”

Nick concorda. “O boato sobre a Kim Kardashian [sobre mim] foi hilário,” ele diz. “Eu fiquei lisonjeado, mas eu fiquei pensando, ‘Reggie Bush iria me matar! ’”

Claro, Nick sempre foi perseguido por uma especulação sobre seu relacionamento com uma garota em particular: Miley Cyrus, também conhecida como Hannah Montana, o dínamo da Disney que ajudou a revelar os Jonas Brothers quando ela os trouxe para o seu programa de TV e para a Turnê Best of Both Worlds.

“Teve um momento em nossas vidas que nós estávamos muito próximos,” Nick diz suavemente sobre os boatos com Miley. “Nós éramos vizinhos quando estávamos em turnê juntos. Foi bom. Muito próximo. Mas me fazia rir demais – eu lia essas histórias na internet, pessoas dizendo coisas que eram completamente mentira.”

Lendo as fofocas de Nick e Miley, você sente que a América está com pressa de fazer um Reino Mágico de Charles e Di. Afinal de contas, o motor primário por trás do fenômeno Jonas Brothers – fora os próprios irmãos – é a companhia Walt Disney, que ganhou milhares de dólares cobrindo os adolescentes americanos com um banho de sol de entretenimento musical para todas as idades. Com seus vários subsidiários – incluindo o canal Disney, a Radio Disney e uma gravadora, a Hollywood Records, sem mencionar os parques temáticos e o armamento de marketing – Disney construiu uma casa poderosa com as franquias do século 21 como High School Musical e Hannah Montana. Em uma era onde as companhias musicais lutam para se conectar com compradores de discos, a Disney prospera cultivando uma demografia que foi altamente ignorada. “As pessoas não acham que tem muito comprando poder, mas elas têm,” diz o presidente da Disney Robert Iger. “Nós decidimos que eles deveriam ser nossa demo principal.”

Os Jonas Brothers, obviamente, são gratos por todo apoio da luva branca de Mickey. A Disney, afinal de contas, pescou os garotos do abismo do pop-rock e inseriu-os no Hannahverso, expondo-os a milhões de consumidores aficionados (abrir para Miley Cyrus em ’07 era um pouco como rebater na frente de Babe Ruth em 1927). Mas hoje em seu jato, os Jonases querem que todos saibam que eles não foram feitos em um laboratório da Disney por demografistas usando chapéus de rato, que eles tocam seus próprios instrumentos, escrevem suas próprias músicas, e que, sim, eles são, de fato, irmãos.

“As pessoas nos perguntam isso o tempo todo,” diz Kevin. “Vocês são realmente irmãos?”

Joe ri. “E é tipo, não, nós nomeamos nossa banda de Jonas Brothers porque era divertido.”

A história dos Jonas Brothers começa na suburbana Nova Jersey, em uma cidade chamada Wyckoff, não muito longe da ponte George Washington para Manhattan. Kevin Sr. e Denise, que se conheceram na faculdade de Christ for the Nations Bible em Dallas (Kevin Sr. era o músico bonitão do campus), mudaram sua jovem família para Nova Jersey do Texas em 1996 quando Kevin pegou um emprego como pastor na Igreja local Assembly of God. A família morava em uma casa de tijolos vermelhos, de dois níveis nas proximidades. O automóvel da família Jonas era uma Toyota Camry de 1992. Uma grande noite de família era um filme alugado – Um Grande Garoto era um favorito – e caçarola de batata doce.

Nos domingos, a família ia assistir Kevin Sr. dar seu sermão semanal e tocar canções, algumas que ele mesmo tinha composto, em sua guitarra. As crianças cantavam também. “Nós crescemos na Igreja, tocando com nosso pai no palco,” diz Kevin. (se você for ao YouTube – ou o GodTube – você pode encontrar um vídeo dos pequenos Kevin e Joe cantando “I Am Amazed” com seu pai em Dallas.)

Mas o papai Jonas também tinha uma fixação em música pop. Kevin Sr. criou seus garotos com as melodias de James Taylor e Carole King, e até seguiu a carreira de produtores do Power-pop. “Nós recebíamos amigos, e ficávamos ouvindo o novo cd dos Backstreet Boys, e ele falava como Max Martin era incrível,” diz Nick, referindo-se ao solitário produtor suíço de boy bands. Kevin fala, “o pai sempre pegava a parada da Billboard e a dissecava.”

https://www.jonasbrasil.com/rollingstone2008/images/img04.jpgQuando ele era pequeno, Nick acompanhava sua mãe ao salão de cabeleireiro, onde ele caminhava entre espelhos cantando Backstreet e fazendo um showzinho por dinheiro para comprar doces. Um dia, uma mulher que estava lá cujo filho esteve no elenco de Les Miserables na Broadway. “Ela disse, ‘Você tem um agente? ’”, lembra Kevin Sr. “Ela disse, ‘Ele precisa de um agente, porque meu filho fazia isso, e ele pode fazer isso.” Parece uma trama do Frank Capra, mas Nick logo conseguiu papéis em shows como A Christmas Carol, Annie Get Your Gun, A Bela e a Fera e, mais tarde, Les Mis. Kevin Sr. vinha e voltava com seu filho da cidade, analisando as harmonias e as pontes de grandes como Stevie Wonder. “Todo o caminho pra casa e de volta, nós escrevíamos músicas,” diz Kevin Sr.

Nick ainda mantinha uma agenda escolar completa, faltando às quartas-feiras para as matinês. Enquanto isso, Joe montava sua própria carreira nos palcos (ele fez o Artful Dodger em Oliver!), e Kevin se aventurava em comerciais. Denise Jonas, uma bonita ex-professora de linguagem dos sinais que abençoou seus garotos com seu fantástico cabelo castanho cacheado (e que confessa que sua paixão adolescente era o Mark Hamill de Star Wars), lembra de levar os garotos às audições enquanto ela estava “cheia e grávida” com seu quarto filho, Frankie .

 

Fonte/Tradução:JBR